A palavra “ânimo” é uma variação do termo latino anima, que pode ser traduzido por “alma”.
Diz respeito à essência vital do ser humano, sua energia, sua força, sua disposição fundamental.
Corresponde aos substantivos nephesh, hebraico, que pode ser traduzido por “alma” ou “vida”, e psyché, grego, que pode ser “alma”, “mente” ou, em alguns casos, o “comportamento natural” do ser humano.
Em todos os casos, mantém-se ligada à expressão da vitalidade humana em toda a sua intensidade e vigor.
O desânimo é a morte do ânimo.
Representa a perda da vitalidade, da energia, da naturalidade. Encerra o pensamento e desmotiva-o, fazendo-o concentrar-se apenas nas impossibilidades e frustrações.
É a tristeza profunda, nem sempre resultante de uma situação pontual, específica. Às vezes, vem com o envelhecimento mal recebido, uma coleção de fracassos ou, ainda, uma decepção afetiva. Pode surgir como um desagrado existencial, um vazio na “alma”, uma perda de sentido.
Quando persiste, conduz a um desejo de morrer no corpo, já que os sonhos e a motivação também estão mortos.
Para o desânimo não há remédio. Os melhores só poderão combater suas implicações químicas, orgânicas, mas nunca as fontes emocionais e psicológicas, O desânimo não pode ser vencido por uma expectativa de circunstâncias melhores, pois nunca haverá garantias. Ao primeiro sinal de derrota, virá com força ainda maior. Também não é o caso de agir com indiferença frente aos problemas, pois a indiferença só amplia o poder da morte.
Contra o desânimo, somente um novo sopro, uma nova carga de energia, uma revitalização. Jesus disse aos seus discípulos: “Tende bom ânimo; eu venci o mundo”. Não disse: “vai passar” ou “não fiquem assim”. Superou toda tentação de soluções paliativas e desafiou: “vejam, eu venci!”. Não entregou seus discípulos à própria sorte ou recursos pessoais, mas assegurou-lhes uma vitória já conquistada e que é compartilhada graciosamente. A morte perdeu sua força. A vida triunfou. O que parecia irreversível foi transformado.
O ânimo renovou-se em bom ânimo.
Há muitos crentes desanimados, hoje em dia. Sofrem porque se sentem obrigados a superar suas tragédias emocionais por seus próprios méritos. Ouvem, com frequência, que tudo vai passar, que não podem ficar assim, mas já não conseguem acreditar. Pois bem: não se trata de passar ou de fingir que não dói; trata-se de lembrarem que, em Cristo, mesmo desanimados, são mais que vencedores! Não são e não serão rejeitados por seu desânimo. Estão seguros no amor incondicional de Deus. Por fim, levantem-se e seguem em frente, pois alcançam coragem para lutar na certeza de que derrota alguma poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Marcelo Gomes
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